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Um breve estudo sobre a Ética II

Antes de ler o assunto de hoje, leia a parte um de nosso estudo sobre a ética onde traçamos um pouco sobre conceitos primordiais nesse assunto: vide - https://diariodeumfuturohistoriador.blogspot.com/2021/08/um-breve-estudo-sobre-etica.html A seguir traremos novas teorias éticas além das já elencadas no texto anterior, onde discutiremos um pouco sobre a ética na visão dos filósofos Habermas, Levinas e Husserl. Ética do Discurso  Jürgen Habermas nasceu em 1929, em Gummersbach, Alemanha. Suas principais obras são Técnica e Ciência como “Ideologia” (1968), analisando as relações capitalistas tecnicistas no mundo moderno; Teoria do agir comunicativo racionalidade da ação e racionalização social (1981), onde desenvolve uma teoria explicativa da sociedade contemporânea baseada na razão comunicativa; Direito e Democracia: Entre Facticidade e Validade (1992), que traz a noção de esfera pública, o coletivo e o individual. A Ética do Discurso segundo Habermas tem suas normas “fundamentadas e...
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Idade Média: "Idade das Trevas"?

 A Idade Média foi por muito tempo entendida como uma “Idade das Trevas”. Os renascentistas que procuravam justamente retornar às raízes greco-romanas, fazê-las “renascerem”, viram no período medieval apenas uma época de transição obscura e sem desenvolvimento científico. Os iluministas pretendiam trazer “luz” à mente do homem e à sociedade como um todo. Acreditavam que a Religião, o Estado Monárquico, a Nobreza e o Campesinato eram coisas ultrapassadas e uma herança ruim do período medieval. Apenas traziam “trevas” para o homem. Com o passar do tempo, o homem moderno começou a encarar o medievo com outros olhos: agora diante de cenários pertubadores de guerras do século passado, a vida dos contos de fada entre o cavaleiro e a princesa começaram a ser mais atraentes. Numa perspectiva equilibrada entre os castelos e a Inquisição, entre a vida cavelheiresca e a do camponês, historiadores têm-se debruçado sobre essa rica história medieval com suas “luzes” e “trevas” em contraste. Os s...

A Colonização Espanhola das Américas

Quando o genovês a serviço da Espanha, Cristóvão Colombo chegou nas Américas, imaginou estar chegando nas Índias e apesar de não ter encontrado as riquezas que pretendia no mar do Caribe, abriu caminho para diversos exploradores colonizarem a América. Com a chegada de Pedro Álvares Cabral a serviço de Portugal ao Brasil e a confirmação pública do novo continente ao sul, a Espanha não tardou em enviar colonos para conquistar e explorar as novas terras. As riquezas tão sonhadas por Colombo foram de fato achadas no altiplano central, nos Andes e na região da bacia do Prata. A economia colonial então foi logo assentada em torno da mineração e tudo envolvendo essa atividade. Para abastecer os mineradores, comércios e artesanatos locais foram feitos, serviços de transportes, tribunais e órgãos administrativos  criados. Logo, administrativamente a Coroa dividiu suas colônias na América Hispânica em Vice-reinados: Vice-reino da Nova Espanha, compreendendo o México e parte da América Centra...

John Locke

 John Locke nasceu em Wrington no dia 29 de agosto de 1632 e morreu em Harlow no dia 28 de outubro de 1704, foi um filósofo contratualista inglês, conhecido como o "pai do liberalismo" e um dos principais representantes do empirismo. Escreveu as obras: Dois Tratados Sobre o Governo Civil , publicada em 1689, onde defende a teoria do jusnaturalismo e da propriedade privada na sociedade civil; Carta Sobre a Tolerância , publicada no mesmo ano, onde estabelece princípios para a separação entre o Estado e Igreja; e Ensaio Sobre o Entendimento Humano (1690), onde afirma que o conhecimento humano resulta da “maneira como elaboramos os dados que nos vêm da sensibilidade por meio da experiência” (MARCONDES, 2007, p. 201). Locke profundamente influenciado e influenciador das Revoluções Inglesas e Liberais, atuou de forma a sistematizar o que conhecemos hoje como liberalismo político. Segundo Japiassú e Marcondes (2008), o Liberalismo político pode ser definido enquanto modelo polít...

René Descartes

René Descartes, francês nascido em La Haye en Touraine em 1596, e tendo morrido em 1650 em Estocolmo, na Suécia, foi um importante filósofo e matemático da Modernidade, sendo conhecido como o pai da Filosofia Moderna. Tão grande título se deu por ter defendido nas suas obras – tais quais: Discurso do método (1637), Meditações (1641), Princípios da filosofia ( 1644) e As paixões da alma (1648) – a fundamentalidade da razão natural no processo de busca do conhecimento, retirando do ambiente externo e do sobrenatural a razão intrínseca do conhecimento. Descartes não era ateu e até se utiliza da existência de Deus em seus argumentos cosmológicos e ontológicos. Mas antes disso, Descartes através de etapas onde verifica a inexatidão dos sentidos, a ilusão dos sonhos e a hipótese de um deus “gênio maligno”, o filósofo entende que o próprio fato dele poder duvidar dessas questões é por que ele está pensando e nisso consistia a sua existência, daí veio o chamado Argumento do Cogito.  A...

Análise Crítica do livro "O que é História Cultural?" - Peter Burke

Peter Burke nasceu em Stanmore, Inglaterra, em 1937. Importante historiador na á rea da cultura, das ideias e na parte social, lecionou nas Universidades de Essex, Sussex, Princeton, Cambridge e S ã o Paulo. O livro O que é Hist ó ria Cultural? é um dos cl á ssicos na historiografia contempor â nea. Abordando a hist ó ria da Hist ó ria Cultural, Peter Burke tra ç a uma linha do tempo com as principais obras consagradas da historiografia cultural, seus autores, movimentos filos ó ficos e antropol ó gicos e suas influ ê ncias nos “ estudos culturais. Tendo sido publicado em 2004, o livro é destinado principalmente a estudantes de hist ó ria, historiadores e pessoas interessadas em conhecer mais da Hist ó ria Cultural. No in í cio do novo mil ê nio, Burke tentou tra ç ar uma hist ó ria dos m é todos empregados pela historiografia nos estudos culturais e sociais at é a virada do s é culo, mas ap ó s a revis ã o das edi çõ es, ele mesmo p ô de ampliar a sua colet â nea e an á lise da...

O Parlamento Britânico

 O Parlamento Inglês possui suas raízes nos tempos medievais, onde na Inglaterra vigorava uma heptarquia dividida em diversos condados e estes, por sua vez, eram divididos em média em 10 vilas, onde cada uma possuía aproximadamente 10 casas. A reunião para resolver conflitos entre os condados era chamada de Shire Moot , onde cada condado enviava quatro dos seus melhores homens para os representar diante do Xerife e do Bispo a fim de criar leis comuns, dando origem à Casa dos Comuns. Já a reunião dos sábios do rei, chamada de Witanagemot , deu origem à Casa dos Lordes. Com a unificação da Inglaterra para fazer frente às invasões vikings, os ingleses centralizam seu sistema jurídico. Já com a tomada viking e a posterior conquista normanda, há uma centralização crescente de poder nas mãos do monarca, que só será “barrada” com a assinatura do rei da Magna Carta, pressionado pelos barões em 1215. Após a Guerra das Duas Rosas (1455-1487), há uma reorganização política, social e religiosa...

Filosofia da História: O Tempo

A Filosofia da História é uma área da Filosofia que propõe uma reflexão sobre a dimensão temporal nas manifestações e existência humanas em suas perspectivas artísticas, sociais, culturais e jurídicas. Uma das áreas de investigação principal é a questão do tempo, da memória e do progresso.  G.W.F.Hegel (1770-1831) publicou seu livro "Filosofia da História" em 1837, inspirado nas ideias iluministas como as de Voltaire Na Grécia Antiga, Platão propôs a noção de tempo como “uma imagem do eterno desenrolar, ritmada pelo número” e a eternidade como “a negação do tempo” (AUGUSTO, 1989, p. 4). Com Aristóteles, o tempo será posto dentro de uma análise racional; já com os estóicos, o tempo adquire uma noção tripartida: Kronos (passagem/mudança), Aion (o presente enquanto tal) e Kairós (o momento oportuno de decisão). Com influências platônicas, Agostinho de Hipona entenderia o tempo como um caminho para o o homem se “desmaterializar” e se “espiritualizar” numa ideia de “aperfeiçoam...

A Era dos Descobrimentos

A Era dos Descobrimentos marcou o início da Idade Moderna com inúmeras viagens sendo realizadas por grandes exploradores e navegadores através, principalmente, do Oceano Atlântico com vistas a chegar no Oceano Índico e nas Índias. Tentativa essa que, feita de diferentes formas pelos países europeus, levou ao descobrimento de terras ainda não "conhecidas" ¹ e inexploradas como o continente americano.  As Grandes Navegações, como é chamado a série de tentativas dos europeus em chegar às Índias atracando em diferentes ilhas e terras, começou em 1415 com a tomada de Ceuta pelos portugueses. Em 1458 conquistaram Alcácer Ceguer e em 1471 Arzila e Tânger, ampliando a conquista portuguesa do Marrocos. Em 1420, Portugal ocupou a Ilha da Madeira, sete anos depois os Açores, já em 1434 Gil Eanes contornou o Cabo do Bojador tornando a navegação pelo litoral do continente africano possível. Em 1460 tomam Cabo Verde e, São Tomé em 1471. Entre 1482 e 1486, Diogo Cão chegou a Angola e no ri...

Introdução à Estética

A palavra Estética foi cunhada por Alexander Baumgarten (1714-1762) com base nos termos gregos aisthétikós (“que possui a faculdade de sentir”) e aisthésis (“sensação”). Todavia, muito tempo antes, a noção do “Belo” e da Arte já eram discutidas, remontando aos tempos da Antiguidade Na Grécia Antiga, para Platão (348/‎347 – 428/‎427 a.C.), por exemplo, a arte imitava a realidade ( mimese ), e poderia produzir formas distorcidas de ideias perfeitas, logo apesar de ser inspirada divinamente, deveríamos acessar a beleza apenas através do intelecto, pois o belo no mundo sensível se assemelharia a noção de belo no mundo das ideias. Portanto, numa “cidade perfeita” não poderia haver poetas extramamente bons, apesar de todo o seu valor reconhecido, já que poderia induzir os jovens a prática de valores errados. “ A poesia do homem sensato será sempre obscurecida pelo canto dos enlouquecidos ” (Fedro, 245a-b). Como diz no seu livro A República :   [...] se viesse à nossa cidade algum indiv...