René Descartes, francês nascido em La Haye en Touraine em 1596, e tendo morrido em 1650 em Estocolmo, na Suécia, foi um importante filósofo e matemático da Modernidade, sendo conhecido como o pai da Filosofia Moderna. Tão grande título se deu por ter defendido nas suas obras – tais quais: Discurso do método (1637), Meditações (1641), Princípios da filosofia (1644) e As paixões da alma (1648) – a fundamentalidade da razão natural no processo de busca do conhecimento, retirando do ambiente externo e do sobrenatural a razão intrínseca do conhecimento. Descartes não era ateu e até se utiliza da existência de Deus em seus argumentos cosmológicos e ontológicos. Mas antes disso, Descartes através de etapas onde verifica a inexatidão dos sentidos, a ilusão dos sonhos e a hipótese de um deus “gênio maligno”, o filósofo entende que o próprio fato dele poder duvidar dessas questões é por que ele está pensando e nisso consistia a sua existência, daí veio o chamado Argumento do Cogito.
Assim, Descartes estabelece um método científico na busca do conhecimento baseado na dúvida, consistindo de quatro passos ou regras principais: a primeira é conhecida como a regra da dúvida, a qual diz: “jamais aceitar uma coisa como verdadeira que eu não soubesse ser evidentemente como tal”; a segunda, a regra da análise: “dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas partes quantas possíveis e quantas necessárias para melhor resolvê-las”; a terceira, a regra da síntese: “conduzir por ordem meus pensamentos, a começar pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecidos, para galgar, pouco a pouco, como que por graus, até o conhecimento dos mais complexos”; e, finalmente, a quarta: “fazer em toda parte enumerações tão completas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza de nada ter omitido” (MARCONDES, 2007: 181-182).
Essas ideias aparentemente “simples” para nós hoje formaram a base do pensamento moderno que fundamentaram as revoluções burguesas subsequentes, sendo ao lado das ideias de Pascal e Leibniz o escopo do pensamento racionalista, enquanto Bacon e Locke anunciavam a filosofia empirista, sendo a França numa tradição a princípio racionalista e a Inglaterra empirista, o que viria a influenciar perpetuamente a forma de conceber o governo e o Estado nessas duas sociedades europeias e estendendo-se por todo mundo.
Referências
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2007
SELKE, R.; BELLOS, N. História social e econômica moderna. Curitiba: Intersaberes, 2017
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