Quando o genovês a serviço da Espanha, Cristóvão Colombo chegou nas Américas, imaginou estar chegando nas Índias e apesar de não ter encontrado as riquezas que pretendia no mar do Caribe, abriu caminho para diversos exploradores colonizarem a América. Com a chegada de Pedro Álvares Cabral a serviço de Portugal ao Brasil e a confirmação pública do novo continente ao sul, a Espanha não tardou em enviar colonos para conquistar e explorar as novas terras. As riquezas tão sonhadas por Colombo foram de fato achadas no altiplano central, nos Andes e na região da bacia do Prata. A economia colonial então foi logo assentada em torno da mineração e tudo envolvendo essa atividade. Para abastecer os mineradores, comércios e artesanatos locais foram feitos, serviços de transportes, tribunais e órgãos administrativos criados. Logo, administrativamente a Coroa dividiu suas colônias na América Hispânica em Vice-reinados: Vice-reino da Nova Espanha, compreendendo o México e parte da América Central; Vice-reino da Nova Granada, com a Colômbia e parte do Equador; Vice-reino do Peru com principalmente os Estados do Peru e parte da Bolívia; e Vice-reino do Rio da Prata com a Argentina, Paraguai e Uruguai. O Chile, a Guatemala, Cuba e Venezuela eram Capitanias Gerais.
De español y mulata, morisca. Miguel Cabrera, 1763 |
A fim de fiscalizar esse vasto território foi criado o Conselho das Índias que nomeava grande parte dos funcionários públicos desde militares a vice-reis no território americano. Para isso, se faziam capitulações que eram contratos, especialmente para os “adelantados”, que eram governadores de uma região. Também foram criadas as Reais Audiências, órgãos judiciais e administrativos com juízes, promotores e ouvidores que fiscalizavam os vice-reis, por exemplo. No âmbito regional, existia os Cabildos que funcionavam como câmaras municipais compostas pela elite colonial. Essa se destacava pelos chapetones, que eram espanhóis, e os criollos, que eram filhos destes nascidos na colônia.
No âmbito social, não foi sem revoltas, lutas e sangue derramado que houve a colonização da América Hispânica. Uma das formas de utilizar a mão de obra indígena sem escravizá-la aos olhos da Coroa e da Igreja foi criar sistemas de exploração compulsórios temporários como a Mita, de origem pré-incaica onde o nativo era obrigado a trabalhar durante quatro meses longe de seu lar em troca de um pagamento baixo, e a Encomienda, que deixava comunidades indígenas inteiras sob os “cuidados” de um "encomendero" que deveria realizar a “catequização” dos nativos, o que de fato ocorria sob a cobrança de tributos em forma de trabalho forçado.
Cidade de Potosi, rica na produção de prata |
Entretanto, não foi apenas internamente que a Coroa Espanhola controlou as atividades lucrativas coloniais. Tendo em vista o contrabando de ouro e prata, os assaltos de corsários e piratas estrangeiros, foi criado o Sistema de Porto Único onde somente em portos como Sevilha e Cádiz poderiam circular produtos coloniais, e na América apenas nos portos de Veracruz (México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena (Colômbia) poderiam circular produtos espanhóis. Para isso as embarcações também nunca seguiam sozinhas mas sempre em comboios.
Essa sociedade marcada pelo contato do europeu e do nativo, mestiço, espanhol e criollo, marcou a sociedade colonial como uma sociedade de antíteses. A Igreja Católica marcando forte presença na colônia enquanto os conhecimentos científicos e a Reforma Protestante estavam a todo vapor na Europa fizeram com que possamos chamá-la de “sociedade barroca”, de claros e escuros, de pinturas de contrastes, o que foi traduzido nas suas esculturas e imagens. Muita violência foi cometida em território americano e muito disso foi denunciado pelos próprios colonos. A cultura americana com base mineradora e agricultura exportadora estabeleceu seus contornos mais nítidos em focos regionais, o que fez com que cidades se tornassem autônomas muito rápido, culminando na independência e fragmentação das colônias em diversas Repúblicas.
Referência
PINSKY, J. História da América através de textos. São Paulo, Contexto, 2010
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