A palavra Arqueologia tem sua origem etimológica no grego αρχαιολογία (“arkhaiologia”), de “archaios” que significa “antigo” ou “coisas antigas”, e de “logos” que significa estudo ou discurso. Portanto, na sua origem, a arqueologia se firma como o “estudo das coisas antigas” (FUNARI, 2013: 23). Hoje em dia, ela pode ser definida como a “ciência que estuda os restos materiais deixados sobre o solo” buscando reconstituir e interpretar o passado humano (Dicionário de Arqueologia – Alfredo Mendonça de Souza, 1997).
Entre os séculos XV e XVII foram formados muitas coleções de objetos raros ou curiosos que “receberam o nome de Gabinetes de Curiosidades ou Câmaras de Maravilhas, em alemão "Kunst und Wunderkammer” (RAFFAINI,1993:159). Esses “gabinetes” eram mantidos por nobres, ricos burgueses, artistas, humanistas, e foram o prenúncio do que viriam a se tornar os museus um dia. Tinham o objetivo de englobar todo o universo conhecido com objetos e artefatos fantásticos e exóticos, reunindo peças etnográficas, vestuário, rochas, conchas, animais empalhados, dentre várias “descobertas” que o europeu fez no Novo Mundo. Buscavam ter em suas coleções, “um único elemento que contivesse todos os traços representativos” de uma cultura, não valorizando muito o que fosse comum, mas o raro. No entanto, com a chegada do século XVIII, esses gabinetes perdem aos poucos o seu prestígio, devido a falta de rigor científico com que tratavam os artefatos, sendo “adquiridos ou doados às universidades, passando definitivamente para o poder das instituições científicas, que os organizam com prerrogativas e propósitos científicos” (1993:163).
Os museus na Europa foram os primeiros a se consolidarem como os museus modernos que conhecemos. Por exemplo, em 1671, em Basileia, na Suíça, foi feito o primeiro museu universitário que se tem notícia. 12 anos depois, foi formado pela Universidade de Oxford o Museu Ashmolean, o primeiro museu moderno com objetivo declarado de educar o público.
A Arqueologia Brasileira pode-se dizer que foi uma das pioneiras também. Hans Staden (1525 – 1576), por exemplo, é bem conhecido devido ao seu livro famoso Viagens e aventuras no Brasil (1557), onde conta sua captura pelos Tupinambás, como sobreviveu e o que pôde observar nas Terras d’além mar. Assim como ele, autores com Léry, Thévet e Shmidel também foram importantíssimos para o começo de um estudo etnográfico e posteriormente arqueológico no Brasil. Todavia, apenas quase 300 anos depois da publicação do livro de Staden, que Dom Pedro I trouxe para o Brasil diversos artefatos arqueológicos, como múmias egípcias e outros materiais. Dom Pedro II também coletou material arqueológico, como de “Pompeia, Etrúria e muitos outros lugares” (2013: 23). No Período Regencial, tivemos a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a mais antiga instituição cultural do país, fundada em 1838. Durante a República até 1930, tivemos um declínio dos museus no Brasil. Com a ascensão varguista, o nacionalismo levou à busca das origens do povo brasileiro na colonização, todavia, a arqueologia começa nesse momento como opositora da ditadura no Estado Novo. Durante a República Liberal (1945 -1964) foi criado o Instituto de Pré‑História da USP e pela primeira vez arqueólogos profissionais estrangeiros começaram a ser atraídos para o Brasil. Durante o Regime Militar foram formados programas deterministas mas que contribuíram para o fortalecimento da arqueologia enquanto ciência. Estes foram o Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA), e posteriormente o Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica (PRONAPABA). Atualmente são inúmeros os campos de atuação do arqueólogo brasileiro, desde um estudo de “repressão, quanto da cerâmica, da arquitetura e ainda estudos em relação a gênero, etnia e outras questões relevantes à sociedade atual” (2013: 25).
Hoje em dia, temos o Museu Nacional do Rio de Janeiro como um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas. Criado por D. João VI, em 06 de junho de 1818 e, inicialmente sediado no Campo de Sant'Ana, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país.
Referências
FUNARI, Pedro Paulo A.. Arqueologia no Brasil e no mundo: origens, problemáticas e tendências. Cienc. Cult., São Paulo, v. 65, n. 2, p. 23-25, Junho 2013. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000967252013000200010&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 27 Set. 2021.
RAFFAINI, P. T. Museu Contemporâneo e os Gabinetes de Curiosidades. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, S. Paulo, 3: 159-164, 1993.
ROBRAHN-GONZALEZ Erika Marion, Arqueologia
em Perspectiva: 150 anos de prática e reflexão no estudo de nosso passado. Rev.USP, São Paulo, n.44, p. 10-31,
dezembro/fevereiro 1999-2000.
Comentários
Postar um comentário